Por quase toda a existência humana as histórias da Bíblia, os Mitos e os Contos de Fadas sempre fizeram parte da literatura que se comprometia a edificar a essência crítica de crianças, jovens e dos adultos. Muitas narrativas das escrituras sagradas podem ser reconhecidas com fácil semelhança nos contos de fadas. Pinóquio, por exemplo, do escritor italiano Carlo Collodi, faz uma analogia ao conto de Jonas e a Baleia, (passagem bíblica que consta no livro de Jonas), onde um profeta hebreu luta, constantemente, para fugir das exigências de sua consciência (o superego) e contraria o que havia sido determinado por Deus.
ilustração: Galvão
Nesse conto, o “Senhor” recomenda que Jonas pregue contra a maldade do povo da cidade de Nínive (oriente), mas o profeta tentando se livrar da responsabilidade que Deus colocou em seu caminho, opta pela fuga. A prova que testa sua fibra moral, é como em tantas outras narrativas de fadas, uma viagem perigosa onde ele terá que superar questões internas e morais sobre o que acredita e o que vem como determinação divina.
A viagem de Jonas por um mar em fúria o coloca no estômago de um imenso peixe, semelhante como ocorre na história original de Collodi, e que tinha o propósito de transformá-lo num homem melhor. Segue o trecho da fábula: “... Mas surge o gigantesco Tubarão, o “Atila dos Peixes”, e o boneco é engolido. Na escuridão da barriga monstruosa, uma voz grossa dialoga com ele...”.
Ao lado Jonas e a Baleia por Gustavo Doré
Jonas e a Baleia trata da desobediência cega, aquela que chega a renegar a sabedoria divinal (representada como a consciência, na história de Pinóquio, exposta na figura de O Grilo Falante) e de julgar todo um povo de acordo com a estrutura regida por princípios individuais. O resultado de tudo isso: castigo soberano. A composição da narrativa de Pinóquio também segue por esse viés, apresentando um personagem como todos nós, que erra, sofre e se redime para chegar a ser gente.
Em geral, o que se percebe na comparação dessas duas armações narrativas, é que as histórias bíblicas sugerem essencialmente uma única solução para os impulsos condenáveis pela humanidade. Enquanto que os “Contos de Fadas” permitem, através de uma satisfação fantasiosa, resolver as ansiedades existenciais e mostram que os caminhos a serem percorridos são individualizados e atribuídos unicamente a quem os assimila. O texto original de Pinóquio é, por si só, uma grande experiência rica em detalhes, que permite inúmeras leituras por públicos de diferentes idades. Deve ser por isso, que a trama do boneco de madeira ultrapassou as fronteiras da Itália, de onde surgiu em 1881, e se tornou um patrimônio universal da instigante literatura infantil.
4 comentários:
Bem interessante a analogia, Cláudio. Conhecia ambas as histórias, mas nunca havia parado para analisar tais semelhanças no enredo.
Legal!
A idéia partiu de algumas pessoas da religião evangélica que me deram o toque.
Gostei da idéia e fui atrás desse tema bem interessante. Dizem que existem muitas outras histórias com semelhança aos contos de fadas. Eu já estou pesquisando!
Abraços!!!
Na Bíblia, a terra é o centro do universo. Galileu quase virou churrasco por provar que não é isso.
Na Bíblia, homem e animais foram criados na mesma época. Há 500 milhores de anos já existiam dinossauros. o Homem surgiu ha pouco mais de 30 mil anos.
Acreditar literalemnte na Bíblia e Menosprezar a inteligência da gente.
A Bela e a fera, esta estória da literatura infantil, penso ter uma versão Europeia da história biblica de Jefte ! O voto que ele fez , que culminou na tragédia do holocausto da sua filha ! Uma alusão à filha que vai cumprir uma promessa do seu pai com a fera !
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