"O mundo do faz de conta lado a lado com a realidade"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

:: SÓ MAIS UM SOBRE H. POTTER


Espelho, Espelho meu.
por Lorreine Beatrice

O bruxinho mais famoso de todos os tempos. Um fenômeno de mercado. A jornada de um herói moderno. Um bando de clichês reunidos. A saga mais encantadora do último século. Todo mundo já leu, ouviu ou até mesmo teceu comentários sobre um dos mais famosos personagens da atualidade (perceba que também eu me rendo a rótulos para definir) - Harry Potter.

Chegando ao fim da saga (sim, ainda estou lendo o sétimo livro, na edição norte-americana), parece que tudo já foi dito sobre a história. Todos os segredos plenamente desvendados, teorias psicológicas (e até “diabólicas”) totalmente postuladas, críticas e elogios. Só porque eu - uma seguidora da série sem ser fã em excesso - já estou ficando com saudades, resolvi mesmo assim tentar escrever uma breve receita de uma obra que, bem ou mal, foi cunhada ao sucesso.

Você já deve ter percebido que a história de Harry Potter tem tudo a ver com contos de fadas, mitos e todas essas narrativas ancestrais que povoam o (tão falado) inconsciente coletivo.

Para começar, tem-se boas colheradas do que chamamos de “jornada do herói”, alguém que sai do seu mundinho comum para lançar-se em aventuras e, com virtude, vencer os obstáculos rumo ao triunfo. Igualzinho aos contos de fadas que conhecemos e um caminho que Harry segue direitinho, seja em cada volume da série, seja quando pensamos no enredo como um todo.

Ah, o enredo vai deixando várias pontinhas (segredos aqui, pistas ali) que vão se encaixando de maneira consistente e convincente. Valores como a amizade, o respeito, a perseverança e todas essas coisas bonitas que as narrativas tentam transmitir também são um fermento, quase nunca aparecendo como uma moral simplória e ponto. Intertextualidades aguçam o sabor: lendas e mitos europeus não faltam para deixar o mundo de Harry ainda mais fabuloso.

Completa-se a receita com fartas xícaras de personagens bem “alinhavados”, que têm sua própria história, que também crescem e mudam. Eles se dividem (sim!) entre o bem e o mal, mas também têm suas dúvidas, medos e fraquezas.

A mistura disso tudo dá à história de J. K. Rolling um delicioso prato para a identificação: alguns jovens, uma escola, desafios incríveis e várias amizades. Quem nunca quis estudar em Hogwarts, ter um diretor como o Dumbledore ou usar uma varinha de condão para resolver problemas aparentes?

Em como tantas histórias que se perpetuam, o final feliz sempre vem. Especialmente para os leitores que sempre acabam por descobrir coisas novas a cada aventura.

contato: lorreinebeatrice@gmail.com


Um comentário:

Lorreine Beatrice disse...

Pois é, Marcos, na verdade chamar HP de “A saga mais encantadora do último século" é apenas mais um jeito de denominar a história, que acaba por reduzi-la ou por excluir outras obras importantes – com um estilo parecido ou do mesmo período. O legal é ver como essas histórias se apropriam (ou não) de outras narrativas ancestrais e como isso mexe com a gente, de alguma forma.
Valeu pela visita e volte sempre! ; )