O PAPEL DA ARTE

Se você é daqueles que ao menor sinal de possibilidades, consegue perceber um caminho favorável onde manifestações artísticas podem se tornar veículos de posicionamento político, então uma boa pedida é conhecer a mostra “Arte Como Questão – Anos 70”, que fica no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, até 28 de outubro.

Trata-se de uma exibição que expõem como os artistas, de maneira experimental e com liberdade, buscam atribuir formas para conteúdos críticos e valores questionadores, que são característicos no atual cenário artístico mundial. São mais de 250 obras de 100 profissionais que apresentam os múltiplos caminhos percorridos pelo movimento das artes, durante o último meio século.

Esta visão conceitual que busca expressar experiências transgressoras e de caráter político por meio do uso da fotografia, de cartão postal, de cédulas de dinheiro e produtos comerciais, vem colocar em questão o valor da arte através de exercícios alternativos, estimulando também uma reflexão sobre o atual circuito artístico brasileiro.

Vídeos, sacos plásticos, arte digital e até mesmo pedras são outras perspectivas que podem servir como caminho para experiências mais radicais, no intuito de expandir a noção do que pode estar contido por meio das artes.

Gravar em garrafas de refrigerantes (embalagens de retorno) informações e opiniões críticas, e na seqüência devolvê-las à circulação comercial, é um projeto de Cildo Meireles intitulado de Coca Cola. A idéia utiliza-se do processo silk-screen com tinta branca vitrificada, que não aparece quando a garrafa está vazia e sim quando cheia, pois então fica visível a inscrição contra o fundo escuro do liquido do refrigerante.

Arte Como Questão – Anos 70 – Instituto Tomie Ohtake – AV. Faria Lima 201 – Pinheiros (11) 2245-1900 – terça à domingo – 11h às 20h – Entrada franca – até 28/10 - Curadoria: Glória Ferreira.