"O mundo do faz de conta lado a lado com a realidade"

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O BARBA AZUL NÃO É PARA CRIANÇAS!


Especial Charles Perrault

Rico e temido por sua aparência tenebrosa, “O Barba Azul” esconde o misterioso paradeiro de suas várias esposas anteriores.

Perseguição, violência, segredos macabros e assassinatos são elementos que distanciam o conto de O Barba Azul das coletâneas direcionadas para crianças. Os próprios pais contribuem para o desfavorecimento da popularidade dessa sinistra história que se encontra classificada, erroneamente, entre numerosos contos de fadas.

Certamente, tamanha rejeição se dá pela demasiada carga de violência que é apresentada no decorrer dos seus relatos. Contudo, O Barba Azul deve ser analisado dentro de todo o seu contexto histórico, ou seja, trata-se de uma obra do século 17, inspirada em dois nobres assassinos europeus do séc. XV e VI, respectivamente, “Gilles de Raís” e “Cunmar da Bretanha”.

Em contos como o de “A Bela adormecida”, “Cinderela” e seguramente um dos mais explorados pela publicidade, “A Branca de Neve”, o casamento sempre surge com a sugestão de fechar um ciclo, de recompensar todo o sofrimento vivido pelas jovens heroínas dessas tramas infantis. Agora, em O Barba Azul, ele é o ponta pé inicial para o desenrolar de um trágico e isolado conto de Charles Perrault. Trata-se de uma obra que aborda a infidelidade sexual e tentações traumáticas levadas as últimas conseqüências e, portanto, classifica-se como um relato direcionado para os adultos.

O próprio nome de Barba Azul parece estar propositalmente relacionado a barbare, aos bárbaros. Ele é símbolo de uma violência animalesca que espreita o lado negro do homem e que se manifesta em figuras reais como “Jack, o estripador” e vários outros seriais killers, como o brasileiro e não menos desprezível, “Maníaco do Parque”.

Em resumo, O Barba Azul trata da narrativa de um homem de riquezas incalculáveis, dono de um castelo e temido por todos na redondeza onde mora. Um dia, já casado novamente, anuncia para sua esposa uma viagem repentina e passa para ela, as chaves dos cômodos do castelo, mas a adverte para que mantenha distância da parte mais baixa do palácio.

Entretanto, como literalmente a curiosidade mata, ela se vale da ausência do marido para conhecer o quarto proibido. Na escuridão da câmara a moça se depara com poças de sangue e várias partes de corpos penduradas por ganchos, e se desespera. Com isso, as chaves caem no chão e as manchas de sangue prometem incriminá-la definitivamente. Apesar de incontáveis tentativas para limpar o molhop de chaves, (acredite!) elas eram encantadas e a acusadora mancha insistia em não querer desaparecer.

"O Barba" retorna inesperadamente da suposta viagem e acaba descobrindo o feito da esposa curiosa. Diante disso, ele decide matá-la com lâminas de sabre, porém, os irmãos da moça chegam para resgatá-la e acabam assassinando o maldito “Barba Azul”. E detalhe, toda a herança fica para ela, a qual termina a história vislumbrando um novo final feliz em outro casamento. (Coragem!!!)

fonte: Prof. M. A . Alexander Meireles da Silva - FEUDUC
Universidade UnigranRio

Um comentário:

Marcos Bonilha disse...

Irado esse conto!
Mas contavam isso para crianças?
Se sim, ô louco rs