AOS DESOCUPADOS DA OCUPAÇÃO

Lembro-me como se fosse ontem, era início da década de 90 e nossa ânsia por movimentar o mundo, ainda bebia na fonte das Diretas Já. Eu fazia parte de uma turma engajada do colegial, que não se contentava em observar as coisas pela arquibancada da vida e nem em ver o mundo pelas frestas de uma comunicação equivocada. Queríamos resultados. Nossa luta era pelo Passe Livre que hoje é realidade para muitos estudantes de Guarujá-SP.

Particularmente, eu tiro o chapéu para o movimento de Ocupação da USP. Acredito que todo jovem deveria passar por uma experiência semelhante. É meio que um “rito de passagem”. Um fortalecimento à identidade crítica que nos abastece de argumentos para não sermos vítimas de um governo autoritário e sem moral, que nos surpreende, periodicamente, com enchentes de escândalos. Em Caracas, na Venezuela, os universitários não se calaram a determinação imperial de Hugo Cháves e estão saindo às ruas em protestos contra o fechamento da RCTV, requerendo a fantasiosa, porém necessária, liberdade de imprensa.

A modernidade trouxe ferramentas de grande valor, no entanto, é visível perceber que cada vez mais estamos condicionados ao individualismo. Não temos coragem de fazer piquetes ou armar barracos para, ao menos, desbloquear instrumentos tecnológicos que seriam importantes para que nossas vozes viajassem pela WEB 2.0. É o vício da acomodação que o próprio jovem ajuda a sustentar. Contudo, “aos Desocupados da Ocupação”, como estão sendo chamados pela mídia, apóio que lutem sim, para não deixar apagar essa Chama de Revolução que tanto faz parte da ideologia juvenil. Jovem é questionamento. Isso não tem como mudar. Se mudar, a alternativa que resta, é contentar-se com insólitas disputas em bandinhas marciais que há tempos deixaram de ser significativas no contexto do ensino fundamental.

Tema: Universidade em transe