Revitalizados pelo cinema, pela televisão, publicidade e pela indústria cultural, os contos de fadas chegam ao século XXI evidenciando cada vez mais a sua importância para crianças, jovens e adultos. Uma retomada oportuna, tanto dos temas quanto dos personagens, que tem surgido em contextos totalmente renovados para vender idéias e ideais contemporâneos.
Não é a toa que as fábulas infantis estão na mira dos meios de comunicação. Elas são adequadas e admissíveis para fomentar diferentes segmentos comerciais. Objetos vendáveis que têm sido utilizados de formas variadas no intuito de criar um clima sedutor às peças e projetos culturais aos quais se integram. Na realidade esses “contos para crianças” nunca saíram de moda. Eles são eternos e independem de cronologia. São utilizados pela mídia comercial porque “essa” percebe o quanto o consumidor necessita e assimila suas origens emocionais, a partir da atmosfera lúdica contida na literatura infantil.
É por isso que a nossa atual “Era Tecnológica”, que de forma natural nos afasta de ligações afetivas e emocionais mais intensas, já observou o quanto é necessário esse vinculo com a fantasia. Em filmes como “Capitão Sky e o Mundo de Amanhã” e “Inteligência Artificial”, ambos focando tecnologias avançadas, o retorno às conotações fabulosas foram essenciais para o desenrolar das propostas cinematográficas. Capitão Sky, por exemplo, utilizou cenas de O Mágico de Oz, num famoso cinema local, para indicar o período (1939) em que estava sendo realizado aquele contexto surreal. No outro, Inteligência Artificial, a fada azul, personagem da fábula de Pinóquio, faz parte de todo o desenvolvimento de uma trama que fala de conceitos ultra modernos e que tem David, um pequeno robô meca, correndo atrás daquela que o transformaria em um menino de verdade.
O moço bom, a mulher má, a garota sonhadora que depois de muito sofrimento tem seu desejo realizado no final da história, são estereótipos intensamente explorados pelas novelas. A mídia mexe com tudo isso. Ela trabalha baseada nessas ausências, na falta de respostas e na busca por preencher os vazios percebidos pelo consumidor.
Tentar se desvincular dessas referências pode até ser um posicionamento crítico, porém, elas convivem conosco nos lugares mais inimagináveis possíveis. Como vemos aqui no Mundo Fabuloso, estão de forma maciça em campanhas publicitárias, em espetáculos circenses e teatrais, novelas, filmes, e pode ter certeza que até mesmo em assustadores episódios criminais, a televisão consegue apresentá-los com indícios já relatados em ficção infantil.
3 comentários:
Muito bom esse texto Cláudio.
Parece que os contos já vêm na nossa carga genética ao nascer. Sempre citados em obras de dramaturgia e peças publicitárias, chega a ser impossível alguém não conhecer as histórias de chapéuzinho vermelho, três porquinhos, branca de neve e companhia. Apostar nisso é resultado praticamente garantido.
Parabéns pela análise.
Valeu Bonilha!
O próximo post vai mostrar uma ação publicitária que se apropria dessa temática lúdica. Eles chegam até a apelar, não tendo nada haver com o conceito da empresa. Mas tudo para seguir essa cartilha da fantasia, que tanto tem dado certo para outras marcas.
Até mais!!!
Olha só, que legal. Nao é minha especialidade, mas pensei em determinados elementos estruturais ou arquétipos das narrativas infantis que as tornam tão familiares e uma fonte inesgotável de leituras pela cultura de massa. A investigar. O que o Diego diria sobre isso? Falando nisso, cadê ele que não aparece nem para comentar?
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